CAMINHANDO COM A RÊ
sexta-feira, 9 de maio de 2014
EXERCÍCIO SOBRE ACENTUAÇÃO (7º ANO)
O Homem Nu
Ao acordar, disse para a mulher:
— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.
— Explique isso ao homem — ponderou a mulher.
— Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar — amanhã eu pago.
Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.
Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos:
— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa.
Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.
Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os andares... Desta vez, era o homem da televisão!
Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:
— Maria, por favor! Sou eu!
Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. Os passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.
Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.
— Ah, isso é que não! — fez o homem nu, sobressaltado.
E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pêlo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido... Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime do Terror!
— Isso é que não — repetiu, furioso.
Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar. Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonhava. Depois experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador. Antes de mais nada: "Emergência: parar". Muito bem. E agora? Iria subir ou descer? Com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o elevador subir. O elevador subiu.
— Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si.
Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:
— Bom dia, minha senhora — disse ele, confuso. — Imagine que eu...
A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:
— Valha-me Deus! O padeiro está nu!
E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:
— Tem um homem pelado aqui na porta!
Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:
— É um tarado!
— Olha, que horror!
— Não olha não! Já pra dentro, minha filha!
Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. Poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.
— Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo abrir.
Não era: era o cobrador da televisão. Fernando Sabino
Ao acordar, disse para a mulher:
— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.
— Explique isso ao homem — ponderou a mulher.
— Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar — amanhã eu pago.
Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.
Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos:
— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa.
Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.
Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os andares... Desta vez, era o homem da televisão!
Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:
— Maria, por favor! Sou eu!
Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. Os passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.
Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.
— Ah, isso é que não! — fez o homem nu, sobressaltado.
E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pêlo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido... Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime do Terror!
— Isso é que não — repetiu, furioso.
Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar. Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonhava. Depois experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador. Antes de mais nada: "Emergência: parar". Muito bem. E agora? Iria subir ou descer? Com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o elevador subir. O elevador subiu.
— Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si.
Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:
— Bom dia, minha senhora — disse ele, confuso. — Imagine que eu...
A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:
— Valha-me Deus! O padeiro está nu!
E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:
— Tem um homem pelado aqui na porta!
Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:
— É um tarado!
— Olha, que horror!
— Não olha não! Já pra dentro, minha filha!
Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. Poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.
— Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo abrir.
Não era: era o cobrador da televisão. Fernando Sabino
Responda:
1.
Explique a expressão “estou a nenhum”, na linha 3:
_____________________________________________________________________________________
2.
As palavras em negrito no texto, “aí” (linha 1), “dá” (linha 5) e “até” (linha
6), também existem não acentuadas. Explique a regra de acentuação dessas:
____________________________________________________________________________________
3.
Retire palavras que demonstrem um tom mais informal da linguagem utilizada pelo
autor do texto
_____________________________________________________________________________________
4. A que se deve o uso
dessa linguagem mais coloquial, levando em conta o gênero do texto?
____________________________________________________________________________________
5. A primeira frase do
texto já deixa claro que a personagem central do texto é conhecida do leitor. A
que se deve tal afirmação?
______________________________________________________________________________________
6. Escreva V
para as afirmações verdadeiras e F para as falsas. Corrija as falsas.
( )
( )
( )
( )
( ) (
)
( ) (
)
( )
( )
( )
( ) (
) ( ) ( )
|
1- As palavras juíz e juíza são
acentuadas pelo mesmo motivo.
2- A palavra café é acentuada porque é uma oxítona terminada em E. Já cafezinho não é acentuada porque é uma palavra paroxítona e
paroxítonas terminadas em O não devem ser acentuadas.
3- As palavras hífen e hífens levam
acento porque se acentuam as palavras paroxítonas terminadas em N, seguidas
ou não de S.
4- As palavras céu, chapéu e troféu são acentuadas porque se
acentuam os ditongos abertos tônicos das palavras oxítonas e monossílabas.
5- As palavras úmido, baú e saúde são acentuadas pelo mesmo
motivo.
6- Nas palavras papeizinhos e heroizinhos,
não devemos acentuar os ditongos abertos tônicos.
7- As palavras fórum e ínterim são
acentuadas pelo mesmo motivo.
8- A palavra raiz não deve receber acento. Entretanto, se passarmos essa
palavra para o plural, ela recebe acento.
9- As palavras tupi, taxi e lambari não devem receber acento
gráfico porque não se acentuam palavras oxítonas terminadas em I.
10- A palavra campaínha leva acento porque apresenta I tônico formando hiato.
11- As palavras delírio e mistério
seguem a mesma regra de acentuação gráfica.
12- As palavras atribuía e heroína são
acentuadas pelo mesmo motivo.
13- As palavras zoo e zoologo perderam
o acento com o novo acordo.
14- As palavras analisá-lo e Amapá são
acentuadas pela mesma regra.
15- As palavras ruím e ruína são
acentuadas pelo mesmo motivo.
|
7. Você
tem a seguir algumas palavras corretamente acentuadas. Separe-as de acordo com
a regra que determina o acento de tais palavras:
tráfego – dobrável – destróis – acarajé –
silêncio – caída – Mossoró – tórax – Goiânia – táxis – nômades – saíram –
veículo
|
a) Regra
das paroxítonas: _________________________________________
b) Regra
do hiato tônico formado por I e U: ____________________________
c) Regra
do ditongo aberto tônico: __________________________________
sábado, 30 de novembro de 2013
LÍNGUA PORTUGUESA
-->
LÍNGUA PORTUGUESA 7º ANO
A
Incapacidade de ser Verdadeiro
Há
verdades que parecem mentiras e... mentiras que parecem verdades! O
que é mentira?
Onde
está a verdade? E onde ficam as invencionices da imaginação e da
poesia?
Paulo
tinha fama de mentiroso. Um dia chegou em casa dizendo que vira no
campo dois dragões da independência cuspindo fogo e lendo
fotonovelas.
A
mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte ele veio contando que
caíra no pátio da escola um pedaço de lua, todo cheio de
buraquinhos, feito queijo, e ele provou e tinha gosto de queijo.
Desta
vez Paulo não só ficou sem sobremesa, como foi proibido de jogar
futebol durante quinze dias. Quando o menino voltou falando que todas
as borboletas da terra passaram pela chácara de Siá Elpídia e
queriam formar um tapete voador para transportá-lo ao sétimo céu,
a mãe decidiu levá-lo ao médico.
Após
o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça:
—
Não
há nada a fazer, Dona Coló. Esse menino é mesmo um caso de poesia.
(Carlos
Drummond de Andrade)
Interpretando
o texto:
1)
A narrativa poética da Carlos Drummond de Andrade apresenta as
seguintes partes:
-
Apresentação – parte inicial da história; momento em que os
fatos começam a ser narrados e se apresentam as personagens.
-
Complicação – parte em que se inicia a conflito da narrativa.
-
Clímax – momento de maior tensão da história.
-
Desfecho – parte final; conclusão da narrativa.
Use
uma frase para sintetizar a parte do conto pedida.
a)Apresentação:
__________________________________________
b)
Clímax: _______________________________________________
2)
Paulo tem fama de mentiroso. Como se apresenta o mundo que ele
imagina?
________________________________________________________
3)
Percebe-se uma oposição na visão de mundo da mãe e do filho. Qual
a visão de cada um?
Mãe:
__________________________________________________________
Filho:
_________________________________________________________
4)
Analise e explique o trecho: Há verdades que parecem mentiras e...
mentiras que parecem verdades! O que é mentira? Onde está a
verdade? E onde ficam as invencionices da imaginação e da poesia?
_______________________________________________________
O cão que levava a carne
Um cão, segurando um pedaço de
carne, atravessava um rio. Tendo visto a sombra da carne na água,
julgou que outro cão tinha um pedaço de carne muito maior. Por
isso, largando sua própria carne, lançou-se para pegar a outra.
Aconteceu, porém, que ficou privado de ambas: uma que ficou fora de
seu alcance porque nem existia, e a outra que foi levada pelo rio.
A fábula é própria para o homem ambicioso.
ESOPO. Fábulas Completas. Trad. Neide Smolka. São Paulo: Moderna, 1994.
A fábula é própria para o homem ambicioso.
ESOPO. Fábulas Completas. Trad. Neide Smolka. São Paulo: Moderna, 1994.
Vocabulário
julgou: achou, pensou
lançou-se: atirou-se, jogou-se
privado: sem a posse
ambas: as duas
julgou: achou, pensou
lançou-se: atirou-se, jogou-se
privado: sem a posse
ambas: as duas
Trabalhando o texto
1- O que o cão segurava enquanto atravessava o
rio?
______________________________________________
2- Por que o cão largou o seu pedaço de carne para pegar outro pedaço?
______________________________________________
3- O cão conseguiu o que queria? Por quê?
______________________________________________
2- Por que o cão largou o seu pedaço de carne para pegar outro pedaço?
______________________________________________
3- O cão conseguiu o que queria? Por quê?
______________________________________________
4- A fábula nos ensina algo? O quê?
______________________________________________
5- Se você estivesse no lugar do cão, faria a mesma coisa? Por quê?
______________________________________________
6 - Você sabe o que são provérbios? Provérbios são ditados populares, ou seja, frases ditas pelo povo, que geralmente têm a intenção de ensinar algo. Os provérbios foram construídos ao longo do tempo a partir da sabedoria de quem já viveu diferentes situações.
5- Se você estivesse no lugar do cão, faria a mesma coisa? Por quê?
______________________________________________
6 - Você sabe o que são provérbios? Provérbios são ditados populares, ou seja, frases ditas pelo povo, que geralmente têm a intenção de ensinar algo. Os provérbios foram construídos ao longo do tempo a partir da sabedoria de quem já viveu diferentes situações.
Responda: qual provérbio a seguir combina mais
com o ensinamento da fábula lida?
( ) Quem não tem cão, caça com gato.
( ) Quem semeia vento, colhe tempestade.
( ) Quem tudo quer, tudo perde.
( ) Quem avisa, amigo é.
( ) Quem não tem cão, caça com gato.
( ) Quem semeia vento, colhe tempestade.
( ) Quem tudo quer, tudo perde.
( ) Quem avisa, amigo é.
Trabalhando a ortgrafia:
7- Retire do texto as palavras escritas com “s”
e “ss” e copie-as nos dois grupos a seguir.
Palavras escritas co "s"
|
Palavras escritas com "ss"
|
Responda.
a) As palavras dos dois grupos têm sons iguais ou diferentes?
a) As palavras dos dois grupos têm sons iguais ou diferentes?
_________________________________________________
b) As letras que aparecem antes e depois do uso de
“ss” são vogais ou consoantes? ________________________________________________
c) Existe alguma palavra que começa com “ss”?__________________________
c) Existe alguma palavra que começa com “ss”?__________________________
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